sábado, 13 de setembro de 2008

Sincero

Não faz assim
Não diga que me ama e que sente muita saudade.
Não diga que sente falta do meu corpo, da minha cor.
Não diga que eu lhe faço falta demais.

Não diga que só minhas mãos não tão delicadas sabem lhe tocar.
Não diga que meu afeto é o único que lhe afeta.
Não diga que tenho poder sobre você.
Não diga que você é minha.
Porque tudo isso aguça e muito a minha vaidade.

Tantas palavras só servem para divulgar. Do meu carinho para o seu. Faz-se saber...

Que eu te amo e sinto muita saudade. Muito mesmo.
Que sinto falta do seu corpo. Dele inteiro, delicado e nu.
Que você me faz falta demais. Sobra em mim.

Que só suas mão sabem me tocar, provocando arrepios com essas unhas vermelhas e afiadas.
Que o seu afeto não só me afeta, como consome completamente.
Que você não tem noção do imenso poder que tem sobre mim. Mais do que tenho.
Consuma-se o fato de que sou inteiramente seu.

Eu sempre lhe achei muito vaidosa.


Artur Peixoto

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