sábado, 30 de agosto de 2008

Devagar com o andor

Com passos pequenos e receosos ela não chegaria ao que queria.Andava como se estivesse tudo muito escuro,sem saber onde pisar,sem saber o que pensar.Á meia luz,os rostos todos virados na sua direção a puniam como se tivesse cometido um crime.Sua feição não se escondia,e o sentimento estampado na face refletia também o estampado do seu vestido.Ela nunca foi de se esconder.Ela nunca colocaria um chapéu.

Num ritmo melodioso e sereno,caminhava esquinas e ruas dentro de si.Mal gosto não sentia,mas faltava algo de batida.A melodia se demorou a começar,mas mantinha-se constante,sem avessos ou linhas tortas.Não que isso fosse um problema à constância dela.Incomodava,porém.O limite não tinha pra onde ir.

Depois de um longo suspiro,resolveu pisar além.Viu ao longe um campanário.Os sinos sempre a alegrara bastante,e a pressa de ouvi-los fez a pressa dos seus passos.

Ela encontrou uma calma e um brilho no seu próprio reflexo.Se via poucos anos mais jovem naquele espelho d´água que se fazia na música.Com os olhos de criança,sabia que era mais do que enxergava.E via uma esperança naquela imagem moça.

Antes fosse só a euforia.A pressa a deixava um pouco transtornada por tudo que aquela imagem a fazia sentir.E os pés que já não se aguentavam mais,clamavam por calma...

Calma...imagem e objeto não queriam calma.A famosa e boa mocidade tem sede de viver.

Mas,devagar com o andor,que o santo é de barro.

domingo, 24 de agosto de 2008

O quase esquerdo do peito

Tem horas que bate pianinho
Calado,quieto no cantinho
Tem horas de alarde,alarido
Se vê ao longe o bem querido.

Quando acelera as borboletas
Se agitam,voam,se enobrecem
E esquece quando se deita
Do que elas nunca se esquecem.

Ele eu nunca hei de entender
Se não deixar transparecer
O que lhe tanto surte efeito.

Nunca andei em um de outro ser
Mas conheço todo o saber
Do meu quase esquerdo do peito.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Amuleto

Em plena noite alta, ouvia-se o silêncio soando como ritmo da brisa, que tocava delicadamente o rosto dela. Uma lúcida postura,uma lúdica doçura se esbanjava nos seus olhos,um riso sem medo estampado na face.Um estúpido misticismo tentava assolar aquele sereno semblante,aquela vaidade nua,mas ela permanecia intacta,seduzida.

As pernas soltas no ar balançavam ao tempo da quebra das ondas.Tudo no mais arfante compasso.Um arranjo de fatos que tornava único o momento.Mais uma vez ela se encontrava absorvida pelo seu envolvente arabesco de ser sensível.De ser mulher.De ser ela.

A conivência se lhe apresentava como ordem natural dos atos.Ela era cúmplice de sua cumplicidade.A previsível quebra de silêncio por fim se dera.

Um suspiro ao encontrar a estrela que um dia há de ser dele trouxe à tona o alarido de suas borboletas.Ela poderia sentir tudo com elas,e seus pés fora do chão.

Mas ela sentia apenas saudade.

=o)

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Inquieta

Com veemência movimentava meus gestos Eloquentemente sem nenhum suspiro precisava que você entendesse o que minhas mãos desenhavam E tentava fazê-lo entender com todas as abstrações possíves Eu lhe fazia atos em cena lhe fazia arte cênica nunca lhe fiz arte Pra não ter que lhe escrever Nada nada funcionava Meus braços dissolviam-se como se fossem o avesso do avesso do avesso do gesto e de todos esses simplórios insípidos incolores fatos você só quer o silêncio e que te deixe Em paz nunca estive Mas já não faço o menor sentido e quando eu lhe encontrar faremos nós Nós em Nós não faremos algum sentido de sermos tão jovens Desvairados loucos reconhecíveis pela falta de tempo que nos assola ainda Falta falta Falta experiência de ser ser Prepotentes Desesperados.Inquietos.

sábado, 16 de agosto de 2008

Canseira

Mal saberia eu que você saberia que tudo seria pra você.
Eu não sabia que você sabia que havia alguma coisa.
Você sabia que eu não sabia.

Você falava das minhas falas,sem falar das minhas palavras.
Você sentia que eu sentia o que você queria que eu sentisse.
Você adorava me ver adorando o que você adoraria fazer.

Soube.Falei.Senti.Adorei.

Vencida pelo cansaço.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A Falta e o Grito

"Um dia descobri: nem tudo é o que parece, que há aquelas que realmente merecem
O beijo de uma alma que não padece, que grita que ama e nunca esquece
Grito que perde o chão, mas não a postura, lamenta pela Falta
Medo meu que dorme à noite e acorda nesses versos gritando em voz alta


Por acaso não sei o sentido da vida, hei de descobrir um dia
Não é mais fácil nem mais difícil pra você, Falta, ou pra mim, Grito
O Grito grita pela Falta, mas nem a flauta pode ajudar
A dor de uma parte que foi e outra que ficou, o tempo espera passar


Me contradigo, espero, um Grito só, só pra você voltar
Vá com o vento às suas costas, mas volte pra me contar
Que o Sol brilhe em sua face, metade de minha metade
E mais um dia que se abre fica em uma frase: saudade"

Que Deus lhe conserve,branquinha.kkkkkkk
Se cuida.Amo você.Mesmo

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Paixão F.C.

Equipe composta por substantivos ordinários,singelos.

Irracionalidade.
Impulsos,instintos,volúpias,ardor.
Alucinação,entusiasmo.
Desejo,gosto,predileção.
Borboletas.

A Lua ainda não é cheia.
A noite mal começou.


"Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além da beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão...

É melhor ser alegre que ser triste."

terça-feira, 12 de agosto de 2008

(...)

Ainda é cedo amor...
Minha voluptuosidade não se apresenta carente à sua frente e você se apresenta a mim com uma voracidade quase instintiva. Seus olhos fremem ao encontrar os meus, descrevendo sua agradável comoção. Dois e muitos outros toques vivazes e as minhas mãos presas.

Ainda é cedo amor...
Não declamei os versos mais bonitos, não lhe disse verdades brincando com minhas mentiras, não lhe fiz os refrões mais expressivos, ainda não lhe cantei. Minha voz sempre sutil aos seus ouvidos não alcançou o primor que você merece.

Ainda é cedo amor...
O cenário se repete esperando que a rotina mude, e as paredes mudas anseiam em proclamar seus suspiros, sua respiração, seu silêncio cansado. Os espelhos não apresentaram você na sua forma mais bela. O íntimo gosto ainda é desgosto.

Ainda é cedo amor...
Pra você ficar.
Pra você partir.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Delicado

O seu arrepio já havia sentido.Já havia causado.Meu desvelo sempre sem aviso lhe deixa à flor da pele,eu sei.Mas não,não quero lhe falar do que parte de mim.Quero simplesmente escrever-lhe toda inteira pra mostrar que não confio em metades.Há você inteiro.

Se é sina ou se ensina a ser?Não acredito em fins,ando preocupada com o que é agora e o que há de ser esse caminho.Esses seus passos desequilibrados numa música que não o acompanha.Não quero ensiná-lo a dançar.Quero o prazer de todas as tentativas de ter seus pés sobre os meus,de estar junto,olhos e bocas à frente.Eu prometo que aguento.Seu peso,é claro.O resto é consequência intrínseca dos meus atos pré-definidos e ainda ocultos.E você bem sabe quais são.

Notava há muito que lhe ter assim é simplesmente confortável,lindo,direto.Delicado.Os momentos se repetem com um andar desavisado,os meus e os seus passos diferentes e desconexos.Sempre.

Não quero entender,nem descobrir toda essa graça dos nossos corpos.
Mas é intrigante nossa secreta harmonia.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Galpão

Se não fosse a respiração ofegante dela,as notas da queda de alfinete soariam como nunca.

Apreensiva,tinha as mãos molhadas e frias e delicadas.Havia um outro alguém que se aproximava.Os passos o condenavam e a deixava mais aflita.Com os olhos vendados,os demais sentidos aguçavam-se e ela cada vez mais sensível.

Contido o choro de risos,seu silêncio se tornava consideravelmente atraente e ele chegava cada vez mais perto.Quando por fim os passos cessaram,a mão dele a tocava e sentia um coração não disparado,calmo,entregue.Ele chegara perto demais.

Ela saberia o que fazer.Seus braços o rodearam, ele sentia as unhas que apertavam seu pescoço e prendia o grito em prol do prazeroso silêncio.Ela se virava de frente,soltando o pescoço e se ocupando do peito.Queria ouvir o coração dele.O dele sim estava disparado,entusiasmado,insensato como deve ser.

Havia um medo no ar: não se sabia de qual das partes vinha,eles estavam seguros demais.Talvez um receio do momento,do futuro que era presente,do"acontecer".Tinham o mesmo tamanho,teriam os mesmos efeitos,teriam o mesmo gosto ou a falta dele.Ficaria ali algo marcado textualmente nele,sentimentalmente nela.

A mão dela sempre estaria fria.E ele,incontrolado.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Feliz Aniversário

Meu amor aniversaria hoje.
Parabéns pro meu amor.
Tudo de bom pro meu amor.
Muito de tudo e pouco de nada pro meu amor.
Eu não sabia o que lhe dar,mas juro que pensei em me colocar um laço e ir até lá!

=o)

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Quimera

Você é no mínimo atrevida.
Você é no mínimo petulante.
Você é no mínimo descarada.
Você é o mínimo.
Você é.
Só você.

Pra vir com essa conversa de regresso.
Não pode.
Não deve.
Tem coisa que não se volta atrás.Tem coisa que só tem uma mão.
Tem coisa...
aí tem coisa...
Não faz isso comigo.Não faz.

É...

Volta?!

sábado, 2 de agosto de 2008

Observação de um final

Já era tarde.

O dia já tinha se deitado há horas,mas eu permanecia intacta à frente da tela.
Já não havia mais esperança de encontrar algo que me prendesse por mais alguns minutos.Tudo já tinha sido feito,lido e escrito.De todos os possíveis sons,não havia mais nenhum que não fora provado hoje.Tédio.A cama se tornava chamativa demais.

Recorri àquilo que me prende:humor.Ria de vídeos e mais vídeos idiotas.Quando vi um favorito salvo há algum tempo que não havia escutado.Era só uma lembrança para vê-lo em algum dia qualquer.Coloquei.

Era uma garota de aparência novinha,um rosto delicado,diz que mora em algum pedaço do Brasil.Não a conheço.Enquanto esperava carregar,escutava a banda que tocava Tom Jobim no prédio ao lado.Muito agradável por sinal.De repente o vídeo começou a rolar.

Parei tudo,atônita.Uma voz grave que soava muito bem a meus ouvidos.Não passou 30 segundos e a voz se tornou doce e aguda.Estava completamente atordoada com essa pessoa.A primeira coisa que me veio à cabeça foi uma das minhas frases características:Deus conserva!

Sentia borboletas no estômago como um gringo ao escutar Tom e Vinicius pela primeira vez.Me senti perfeitamente bem como não me sentia há muito tempo.Meu mundo ficou olhando aquela menina durante lindos e longos 4 minutos.Meu mundo foi a voz de uma desconhecida.Ela era linda também,mas isso não vem ao caso.A beleza da voz superava qualquer outra coisa.Apaixonante.E a propósito,a descrição não reverencia tudo como é.Essa moça não deve se sujeitar a limitações.

Enfim,era só uma observação de quem acaba o dia com o coração batendo forte,com os arrepios à pele,com a respiração ainda presa pela emoção.Vontade de gritar,sabe?

Porque eu sempre soube que a paixão de um músico é a música do outro =)



(para quem quiser mais detalhes da moça,atende pelo nome de Tassinha.Deixo aqui o link para quem quiser escutar tudo que disse. http://br.youtube.com/watch?v=_ggENmGZzMw e http://br.youtube.com/watch?v=XdAOPEjivUM )