sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Galpão

Se não fosse a respiração ofegante dela,as notas da queda de alfinete soariam como nunca.

Apreensiva,tinha as mãos molhadas e frias e delicadas.Havia um outro alguém que se aproximava.Os passos o condenavam e a deixava mais aflita.Com os olhos vendados,os demais sentidos aguçavam-se e ela cada vez mais sensível.

Contido o choro de risos,seu silêncio se tornava consideravelmente atraente e ele chegava cada vez mais perto.Quando por fim os passos cessaram,a mão dele a tocava e sentia um coração não disparado,calmo,entregue.Ele chegara perto demais.

Ela saberia o que fazer.Seus braços o rodearam, ele sentia as unhas que apertavam seu pescoço e prendia o grito em prol do prazeroso silêncio.Ela se virava de frente,soltando o pescoço e se ocupando do peito.Queria ouvir o coração dele.O dele sim estava disparado,entusiasmado,insensato como deve ser.

Havia um medo no ar: não se sabia de qual das partes vinha,eles estavam seguros demais.Talvez um receio do momento,do futuro que era presente,do"acontecer".Tinham o mesmo tamanho,teriam os mesmos efeitos,teriam o mesmo gosto ou a falta dele.Ficaria ali algo marcado textualmente nele,sentimentalmente nela.

A mão dela sempre estaria fria.E ele,incontrolado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Borboletas no estômago só de ler você!E essa parte ficou sensacional: "Tinham o mesmo tamanho,teriam os mesmos efeitos,teriam o mesmo gosto ou a falta dele".

"A insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado..."