sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O mais belo céu azul de março

Já há algum tempo eu sentia falta dos meus calafrios. Um vento que batia às minhas costas semi-nuas tentava provocar semelhante sensação. Tinha certeza que não provocaria, mas me faz bem o sentimento de passar e tentar levar.

Era nostálgica à época. Meu coração estava um pouco aflito, sem a serenidade costumeira, e carregava tristeza. Tristeza que poderia passar despercebida de todos; sempre soube me esconder muito bem - inclusive quando não deveria. E passou, até o momento em que tinha urgência de me sentir bem novamente.

Comecei por onde sempre começo. Meus versos, que se tornaram muito delicados ao fim da última estrofe. Um desabafo em acordes perfeitamente imaginados que carregavam todo o sentimento. Iniciava ali uma nova procura.

Sequer imaginava encontrar o desconhecido. E encontrei numa página de um caderno velho o início de um novo amor. O único que seria capaz de acalmar minha face rubra e febril antes de adormecer.

Pra minha surpresa, tudo aconteceu como mágica e rapidamente. Quando dei por mim,as folhas caíam secas mais uma vez. Outono. Havia passado quase um ano desde a folha do caderno, e tudo tinha a mesma intensidade.

Cada dia como se fosse a primeira vez. Cada dia indescritivelmente seco, com céu limpo, sem nuvens. Nenhum distúrbio. Nenhum. A calmaria você me trouxe novamente. O vento soprava mais brando, sem necessidade de preencher meu espaço. Duvidaria de tudo se fosse em outro tempo. Me dei de novo uma chance.

Chance que não perderia por nada quando, enfim, pude tranquila e serenamente fechar meus olhos ao seu lado e me recostar no seu colo. De onde eu não imaginava que nunca mais sairia.

E sei bem que sempre me recordarei desse dia em que não me lembro do tempo, nem do vento, mas meus olhos só enxergavam o que queriam ver: o mais belo espetáculo que um dia de Sol pode oferecer.