sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Inacabado

"O violão emudeceu.


Não encontro mais as notas que costumava lhe tocar. Não encontro as lindas palavras que um dia eu declamei pra você em versos musicados. Na verdade, não consigo encontrar nada que me lembre você. Não sei se quero, mas o fato é que o que antes existia, sumiu. Chame de inspiração, chame de vontade, chame de romantismo. Seja o que for, não vem à tona. Não me vem você.


Não sei se lhe ver me faria exaltar todo o sentimento novamente. 'Conduzir o tempo de te amar' não é mais meu direito. 'Prefiro, então, partir a tempo de poder a gente se desvencilhar da gente'. Meu lugar ao seu lado passou. Se tem um novo amor, a condução dessa dança não é mais minha. A voz dessa canção não mais lhe aflige. Deixa o tempo desfazer o que fez.


As cordas não mais soam delicadas. E o desafino chega a me irritar. O desencontro das notas se tornou natural. E talvez essa seja a hora de parar. De admitir que passou.


Agora quero só a sombra do meu violão.


Mas saiba que ele segue encantado ao lado seu.


De alguma forma, nesse imperfeito amor.


Do simples e sempre seu,


Artur Peixoto"

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