sexta-feira, 25 de março de 2011

Clube Atlético Mineiro 103 anos.

Nesse 25 de março, data que se tornou muito importante pra mim desde que me entendo por gente, parabenizo o meu clube de coração. Poderia escrever um lindo texto falando do meu amor pelo Galo, mas acreditem se quiser, é o único sujeito pelo qual derramo lágrimas ao escrever. É como se a caneta se recusasse a medir em palavras tamanho amor.

Então deixo aqui um texto de um palmeirense que retrata muito do que é ser atleticano.

Atleticano não é. Atleticano nasce.

Parabéns Galo, senhor das alterosas.



UMA GRANDE PAIXÃO

Mauro Beting

O melhor lance do Atlético não foi num jogo. Foi fora dele. Foi numa derrota. Minto, num empate de um time invicto, o supervice-campeão do BR-77.

Não foi o melhor jogo ou jogada. Mas não teve nada mais atleticano que aquilo: depois da derrota nos pênaltis para o São Paulo, Mineirão e Brasileirão estupefatos pela queda sem derrota de um senhor time de bola, os jogadores baqueados e barreados pela chuva e pela lama se abraçaram no gramado e assim foram ao vestiário.

Foi a primeira vez que vi a cena reverente que virou referência. Ninguém estava fazendo marketing (nem existia a tal palavra). Nenhum jogador estava jogando pra galera. Era fato.
Time e torcida estavam juntos naquele abraço doído e doido.

Como tantas vezes o atleticano esteve junto com o time. Qualquer time. Nada é mais atleticano que aquilo: um time que se comportou como o torcedor. Solidário na dor, irmão no gol. O atleticano é assim: tem a coragem do galo, mas não a crista.
Luta e vibra com raça e amor. Mas não se acha o dono do terreiro.
Sabe que precisa brigar contra quase tudo e contra quase todos. Até contra o vento, na célebre imagem de Roberto Drummond.

Aquela que fala da camisa preta e branca pendurada num varal durante uma tempestade. Para o escritor atleticano, ou, melhor, para o atleticano escritor, o torcedor do Atlético sopraria e torceria contra o vento durante a tormenta. Não é metáfora. É meta de quem muitas vezes fica de fora da festa. Não porque quer. Mas porque não querem.

Posso falar como jornalista há 17 anos e torcedor não-atleticano há 41: não há grande equipe no país mais prejudicada pela arbitragem.
Os exemplos são tantos e estão guardados nos olhos e no fígado.
Não por acaso, o atleticano acaba perdendo alguns jogos e títulos ganhos porque acumulou nas veias as picadas do apito armado.

Algumas vezes, é fato, faltou time. Ou só sobrou raça. Mas não faltou
aquilo que sobra no Mineirão, no Independência, onde o Galo for jogar: torcida. Pode não ser a maior, pode não ser a melhor, pode até se perder e fazer perder por tamanha paixão, cobrando gols do camisa 9 como se todos fossem Reinaldo, pedindo técnica e armação no meio-campo como se todos fossem Cerezo, exigindo segurança e elegância da zaga como se todos fossem Luisinho. Mas não se pode cobrar ninguém por amar incondicionalmente.

O atleticano não exige bola de todo o time. Não cobra inspiração de cada jogador. Quer apenas ver um atleticano transpirando em cada camisa, em cada posição, em cada jogada. Por isso pede para que o time lute. É o mínimo para quem dá o máximo na arquibancada.

A maior vitória atleticana é essa. Mais que o primeiro Brasileirão, em
1971, mais que o vice mais campeão da história do Brasil, em 1977.
Os tantos títulos e troféus contam.

Mas tamanha paixão, essa não se mede.

Essa é desmedida.

Essa é a essência atleticana.

Essa é centenária.

Essa é eterna

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