sábado, 28 de março de 2009

Infinito Particular

Por um momento inteiro deixei seu corpo encontrar meu silêncio. Talvez fosse mera inquietude, ou mera insensatez. O fato que não sabíamos é que eles não se perderiam. Jamais. Do meu silêncio fez-se o riso. Do riso, o risco do nosso sobre-amor.

Aos poucos ouvia sua voz clamando por mim, os sussurros caminhando na minha direção. Meu abandono abandonado e seu amor, sem pedir qualquer licença, veio ocupando e invadindo todo o espaço.

Perdido o juízo, caladas as palavras, a descrição vinha apenas para mostrar que nada estaria por um triz, durante o tempo que dura sempre.

Um afeto descarado. Assim sou eu por inteira, desde a lembrança à presença, desde seu sorriso infantil estampado à sua intensidade. Assim sonhei você comigo, assim você se entregou a mim.

Um olhar sempre feito para seus olhos. Inúmeros espelhos que refletem o carinho seu e o cuidado meu: dois zelosos amores.

As mãos com o calor que tanto gosta tem o sentido exato para sua delicadeza e para sua posse. Só você as tem como preferir para fazer o que quiser delas. Todo movimento só acontece pelos seus.

Os afagos que se completam, os suspiros declarados, os arrepios que se provocam, a mistura de perfumes e o encontro de sensações. Só faz-se saber que eu sou só de você. E você, só de mim.

Meu, tudo.


"É só teu o meu livro; guarda-o bem;
Nele floresce o nosso casto amor
Nascido nesse dia em que o destino
Uniu o teu olhar à minha dor"

Florbela Espanca

Um comentário:

Leleka disse...

Pra variar, mais um texto lindo da Dona Flavinha!

Essa menina me enche de orgulho!

Flavinha, tô de blog novo. Me siga lá por favor? Dá uma força.

http://sempingonoi.blogspot.com