quinta-feira, 24 de junho de 2010

O único sobreamor

Mentira se disser que apenas lhe amei.

Amei sim, não várias, mas algumas. Já me entrelacei em outras pernas, já me deliciei com outros lábios. Já me imaginei em outros corpos.

Fui romântico, tolo. Fui o que o amor nos permite ser. Durou enquanto pôde durar. Durou o que devia. Nunca o banalizei, tenho convicção.

Digo-lhe, com a mesma certeza sobre minha metade descoberta por mim, que amo você. Talvez nunca do mesmo modo, mas talvez com os mesmos clichês. "Amo como ama o amor". Profiro palavras doces, faço carinhos que trazem leveza, fantasio coisas que arrepiam. Mordo.

E unicamente hoje, não me sinto covarde por não mais querer estar só. Não sei se seu olhar, ou se seu toque, sou sensível a isso. Devo confessar, porém, que nunca me imaginei em seu corpo. E talvez por isso, minha outra metade foi descoberta sua. Amar você se tornou amar a mim.

"Amo" você mais que a qualquer um.

Meu sobreamor.

Artur Peixoto


- "Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?" Fernando Pessoa
- "Sobreamo" Artur Peixoto