terça-feira, 21 de julho de 2009

Belicoso

Feliz aqueles que sonham e que trovam. Que lutam e que amam.

Sem me estender, posto o que há muito foi escrito e que há pouco tempo me perguntaram de onde surgiu. Por essa música, uma das minhas primeiras de expressividade, sempre tive um carinho especial. E pra todos aqueles que me perguntaram, me misturo com Dom Quixote.


Triste Fortuna - Flávia Ellen 04/01/07

Olha ao longe quem vem vindo, o guerreiro trovador
Junto ao seu fiel amigo, escudeiro, grande navegador
Traz junto de si o retrato de sua querida donzela
Que tristonho deixou pra trás, esperando na janela.

Deixou pra trás também o seu legado, um menino levado
E um poema pra sua senhora, de homem enamorado
“Eu volto, meu bem, acredito não ser como o tempo, o vento
Que vai, destrói, não volta e não marca seu momento”.

Mal sabia o homem que a guerra estava ao lado
A glória, a honra, a fama, o medo e o destino ameaçado.

Homem virtuoso, sabe que tem um dever a cumprir
E junto a seu aliado, acredita que pode conseguir
Sem medo de cair, tem a força e a vontade pra levantar
Coragem pra seguir, erguer a cabeça e recomeçar.

Mas no meio dum fuá de guerreiros, esqueceu seu maior valor
Que antes de guerreiro era trovador e prefere o amor
Não viu nada, só a lança que em seu peito se alojou
Lembrou do tempo, do vento, do poema, e os olhos cerrou

Lembrou de sua linda dona e de todo seu amor
Da sua mãe que dizia: “ninguém contraria a vontade do Senhor”.
Como todo poeta, trovador, fui fugidio e fugaz
Marcou, deixou, se fez e agora se desfaz.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Em copo d'agua

Um ato de amar que se expressa de um jeito que lhe é peculiar. Ninguém melhor do que eu para entender seu desejo mudo. Ninguém melhor do que eu para ver no seu o meu andar. Meus passos juntos aos seus.

Um sorriso sempre à sua porta e um peito constantemente arfante. Um mundo inteiro aberto a você sem o menor medo, com a maior entrega. Entrou, sem pedir licença, sem se intimidar com esse novo lugar, sem se resumir. Se deixando entender nessa felicidade inexplicável e urgente.

Uma intensidade sem qualquer vestígio se fazia serenamente. Meio sem sentido, é verdade, mas com uma sinceridade que há muito tempo desconhecia. Sem qualquer invenção, os dias diminuíam de tamanho, e as horas passavam como passa o vento. E nessa mesma incrível velocidade, de forma sempre discreta, os gestos adquirem maior peso. Um afeto de muita paixão.

Não sendo completamente oculto, tudo isso se fazia num mistério. As ambições iguais e escondidas, as situações inéditas e surreais. Sem distinção de qual prevaleceria, compartilhamos sempre os mesmos anseios. Anseios bastante envolventes, por sinal.

Sei que de tudo isso que vivemos dia após dia, ficará guardada uma forma de amor tão intensa que nunca caberia em palavras.

Nem em qualquer lugar.
Passei a ver de outra forma a tempestade em copo d'agua.
Porque ainda que não mexa em nada, mexo com você.