quinta-feira, 26 de junho de 2008

Bilhete

Meu caro,faça o favor
de me chamar aqui esse senhor.
Diga-lhe que o espero
com paciência e muito esmero.
Traga-me agora dois cafés e chocolate
mas guarde a vodka para mais tarde.
Se não lhe for incômodo,peça-o para trazer
Florbela,Vinícius,ou de Almodóvar,Volver.
Desejo que ele não se demore muito,
tenho outros planos pr´esses corpos fortuitos.
Acredito que ainda outros votos não têm.
O café começou a esfriar,eu também.

"E eu te farei as vontades,direi meias verdades sempre à meia luz.E te farei vaidoso,supor que és o maior e que me possuis..."
Folhetim - Chico Buarque

terça-feira, 24 de junho de 2008

Clarice concorda...

A respeito do meu último texto,descobri mais adeptos á minha vontade do que eu supunha existir.E digo mais...descobri uma ilustre adepta.

Nada melhor que passar a palavra a ela,Clarice Lispector.

"A moralidade.Seria simplório pensar que o problema da moral em relação a outros consiste em agir como se deveria agir,e o problema moral consigo mesmo é conseguir sentir o que se deveria sentir?Sou moral á medida que faço o que devo,e sinto como deveria?De repente a questão moral me parecia não apenas esmagadora,como extremamente MESQUINHA [...] A liberdade é um segredo."

Trecho retirado do livro A Paixão Segundo G.H.


*Dando lugar á hipocrisia,já que ninguém é perfeito,deixo aqui meus sinceros votos de felicidade a uma amiga que aniversaria hoje.Em condições naturais de ser Flávia,faria muito mais que uma simples menção,mas me encontro com minha liberdade um pouco desacreditada e restringida no momento.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Sociedade do Afeto Proibido

Proibir: impedir que se faça
Afeto: afeição,carinho,simpatia
Sociedade: estado dos homens que vivem sob leis comuns
Atinando por uma racionalidade completamente linguística e minimamente silogística, apresento-lhes: bem vindos ao estado dos homens que vivem sob a lei comum do estorvo á afeição.
Confesso que há muito vem me importunando este deplorável estado ao qual chegamos.A exaltação do ridículo,do apático,do indiferente é adotada pela grande maioria dos convencionais como ideologia dominante.Alcançamos o auge do individualismo, do "cada um por si", do egoísmo.
Onde todos querem,e nada podem, o possível se torna prêmio.Se é possível ter e ser,que o outro não seja,ou que ao máximo seja pela metade.Sejamos todos pela metade em prol da sociedade.Tudo o que querem de nós é a submissão a esse modelo.
Pergunto-lhes enfim...O que querem fazer do seu afeto frente a toda essa censura?
Elogios já não mais cabem,enaltecimentos sinceros muito menos.Faltam olhares,tremores,miragens,pudores.Falta praticamente tudo que exalte uma sensibilidade qualquer,uma demonstração amigável.Sobra muita falta.
Impulsionados por um estúpido convencionalismo,a malícia é posta em qualquer inocência.Pureza?Não existe mais.Amizade?Duvidoooooso...
Tenho pena.Pena dos que se vestem dessa ideologia,aderindo aos muitos sem crítica alguma,sem um fundamento pessoal.A profecia pelo vulgar,pelo estipulado.A cabeça baixa.
Tenho pena de nós,amantes,românticos,poetas,músicos e escritores.Pena por sermos julgados e postos em dúvida.Por ir contra a corrente estereotipada e pagar por isso.Por gostar,por amar,por sentir,por demonstrar.Por fazer valer cada segundo de afeto.
Censurado e proibido afeto.Dê-me cá a sua mão.Prometo,com todas as letras,não soltá-la,não achar que é um mero interesse seu.Prometo acreditar que você ainda é a solução e que podemos formar sua sociedade.A sociedade do afeto proibido,que defende e protege os afetos que atualmente são impedidos de se manifestarem.
Bem vindo "Eu te amo", bem vindo "Minha linda", bem vindo "Que saudade".
Sinto muito por aqueles que querem se enquadrar no molde dos que proíbem,mas a minha ânsia de procura sem encontrar me levou a um estágio revolucionário que grita por mudanças,que muda ao menos o mundo em mim.Descobri finalmente que as verdades são acrobatas.
Eu amo muitos e sem reservas,e não deixarei de fazê-lo.Vivo a vida na qual existo.Minha mocidade é um dos meus maiores valores.E o meu afeto é o maior valor de minha mocidade:ESPLÊNDIDO,VIBRANTE,AUDACIOSO E ARDENTE.
*Pra não dizer que foi um escrito impulsivo,abro mão do meu gosto musical e poético pra defender racionalmente a minha posição.
CF/88 Art.5,IV
"Todos são iguais perante à lei,sem distinção de qualquer natureza,garantindo-se[...] a inviolabilidade do direito à vida,à LIBERDADE,à igualdade[...]
IV - É livre a MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO[...] "

domingo, 22 de junho de 2008

Se piorar,estraga mais...

O dia anterior tinha sido péssimo.Fui dormir aborrecida com o mundo.Nenhum vestígio de felicidade,sequer um "estado de felicidade" fugaz.Pra "melhorar a situação",acordei de mal humor.Tinha uma rotineira atividade a tarde,um estudo rápido pela manhã e só.Meu domingo estaria livre pra eu ler meus livros,minhas poesias...meu jeito introspectivo de me acalmar.Pra variar,não deu.Surge um bendito imprevisto que não me deixa disfrutar de Clarice Lispector.
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Pra continuar meu "lindo dia de céu azul e Sol tímido de inverno",fisicamente debilitada fiquei.Em casa,a Azurra me perde pra uma Espanha melhor,e no meu extravaso de inconformismo machuco meu pulso.Que beleza...o pulso,o joelho,a cabeça...até o final do dia meu corpo cai.
...
Começo a ler o bendito texto pra prova de amanhã e fico mais inconformada com o nível ao qual o ser humano chegou.

Pra completar,uma discussão infantil.Dessas infantis mesmo,incluindo insegurança,falta de respeito,desconfiança!Daquelas que acaba com você,acaba com seu dia,e no dia seguinte faz você ter a convicção que ainda tem muito pra vir.Enfim,uma coisa previsível...Eita sociedade esteriotipada,viciada em convencionalismos.Bem vinda á sociedade do afeto proibido.

Nada melhor que um dia após o outro...vamos dormir porque se piorar,estraga mais.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Vem cá

Olha,minha linda...
Sei que ás vezes não pode vir.
Sei que ás vezes eu não posso te ver.
Sei que o tempo não anda,nem corre,nem voa quando estou com você.O tempo simplesmente se transporta e já se finda.
Sei que cada palavra pronunciada,cada gesto exteriorizado...nada disso mostra um pouco do que sinto.
Por isso que a todo momento peço:

vem cá menina,me dá a mão...
vem cá que vou te levar pra ver o céu...
vem cá pra eu te dar sua estrela...

Vem cá que eu te amo demais =o) Menina dos olhos meus...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Ela...

Já não tenho juízo. O pouco que me restava ela me tomou. E o fez bem, bem descaradamente e louca, impulsivamente e a sua voz rouca.

Por entre os risos sentia um calor súbito: ela me fincava com suas unhas vermelhas se prendendo ao meu rosto e dizendo “eu te amo”. Deslizava os delicados dedos pela minha barba mal-feita,pela minha boca e se acabava em meu pescoço. Do meu silêncio e apreensão voltavam os risos após esse suntuoso afeto. Era magnífico ver aqueles olhos sérios e envolventes expressando todo aquele sentimento que a consumia, e que por fim acabou me consumindo também. Era tudo uma única vontade. Aquele cabelo molhado caía no rosto invocando uma das melhores sensações que um homem pode ter: ela é maravilhosa. Todas as idéias e volúpias declaradas, inteligência e ternura exteriorizadas.
Louco e apaixonado estou por alguém que de tanto sentido, não faz sentido algum. Linda, louca e despenteada.
Ela.

Artur Peixoto

domingo, 15 de junho de 2008

Vai...

Já vai ela...
Tirar das suas,as minhas mãos,
tirar do corpo o meu amuleto,
tirar os vestígios do papel.

Já vai ela...
Com a cabeça pensando em paixões,
com o sentimento nunca obsoleto,
com pavor e sem chapéu.

Já vai ela...
Vai...
Foi...
Foi porque tinha razão.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Receio

Para o lado mais escuro da rua corriam folhas de jornais.

Para o lado mais escuro da rua corriam folhas.

Para o lado mais escuro da rua corriam.

Para o lado mais escuro da rua.

Para o lado mais escuro.

Para o lado.

Pára!



O medo é um sentimento que restringe muito o ser humano.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

A sua voz

Certas coisas,de tão certas,não precisariam ser ditas.

Quando tudo que tenho é sua carta escrita à mão,difícil aceitar que nada disso é sobre "geografia ou estado de felicidade".Difícil ver votos de cuidado no lugar das loucuras.No lugar do domínio completo de ter você.Ou pelo menos de achar que tenho.

Iludir-me.Tenho feito muito isso com minha indecisão.Eu não quero parar.Eu não quero desistir.De sonhar em ter você,de sonhar em ver você,de sonhar você comigo.

Preciso de qualquer coisa com seu nome.Me desespero com a certeza de achar.De achar que você quer também qualquer coisa com meu nome.

Que o pouso do meu medo se faça nos seus braços.Até não ser medo mais.


Seu mistério contido é seu charme e meu acalento

Carol de Albuquerque

01/04/06

terça-feira, 3 de junho de 2008

Hãm?

Eu gosto.
Eu quero.
Desgosto.
Desepero.
Aflição.
Tesão.
Anseio.
Devaneio.

Ando não sabendo onde pisar.Ando meio sem rumo atualmente.


"No campo do adversário
É bom jogar com muita calma
Procurando pela brecha
Pra poder ganhar...
Acalma a bola, rola a bola, trata a bola
Limpa a bola que é preciso faturar
E esse jogo tá um osso
É um angu que tem caroço
É preciso desembolar
E se por baixo não tá dando
É melhor tentar por cima
Oi com a cabeça dá
Você me diz que esse goleiro é titular da seleção
Só vou saber mas é quando eu chutar"
Geraldinos e Arquibaldos

domingo, 1 de junho de 2008

Semelhantes

Era tudo muito cinza.O asfalto,o passeio,as paredes.Até as árvores situavam-se em “caixinhas” de cimento.Lamentáveis cores da cidade.Carros brancos,pretos,pratas.Não há muita cor nesse emaranhado de prédios,nem por entre eles.Uma sociedade enquadrada.

Singelamente,por entre a cor cinza,um pequenino inseto.Uma borboleta verde com pingos pretos.Aquela coisinha pousada no triste passeio de quadradinhos,balançando as asas de folha,me chamou atenção.Pensei em um motivo que explicasse a aparição dela ali.

Achei engraçado que ela estava ao lado de um jardim,poderia se camuflar nele,se proteger.Naquele cinza,seria vista com mais facilidade,estava vulnerável.Qualquer um poderia pisar,eu quase pisei.

É o preço que ela pagava pra se mostrar,pra se destacar.E ela queria muito isso.Nas mortas cores da cidade,o verde é raro.Ela estava se achando ali naquele passeio.Já tem uma beleza natural,mas queria realçá-la.Conseguiu.Fiquei em pé ali uns dois minutos,compenetrada no movimento das asas,no verde que contrastou com tudo.Essa coisinha mudou meu dia.

Reparei que pessoas são como borboletas.Se abrem e se mostram para o mundo pagando o preço da vulnerabilidade.Querem se destacar,por isso se colocam em lugares ofuscáveis pela sua beleza.Queria até ver o comportamento dessa borboleta se estivesse no jardim com outras, azuis,amarelas,vermelhas.Ficaria na dela,com certeza.Pessoas são assim também.Se se deparam com outras interessantes,se sentem mais inseguras pra se mostrarem.Interessante isso.

Enfim,pode ter sido uma viagem muito grande nessa borboletinha.O texto ficou até grande.Porém,concluí que a questão é:saber pra quem se mostrar.Aposto que muitos passaram por aquele passeio sem sequer notá-la.Mas ela estava ali quando eu passei.Logo eu,apaixonada por borboletas,paixão herdada da mamãe.

É,aquela pequena coisinha cresceu com meus olhos.
A magnitude das coisas está nos olhos de quem vê.E eu ainda quero aprender a voar